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Cancro cítrico ou verrugose? Saiba identificar corretamente e proteger sua lavoura de citros.


 

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Entre os principais desafios enfrentados pelos citricultores, as doenças de origem fúngica e bacteriana estão entre as mais prejudiciais à produtividade e à qualidade dos frutos. O cancro cítrico e a verrugose são exemplos clássicos que frequentemente geram confusão no campo devido à semelhança de sintomas nas folhas e frutos. No entanto, o diagnóstico incorreto pode levar a tratamentos ineficazes e ao aumento das perdas econômicas.

Neste post, a Rural Consultoria Júnior explica como diferenciar as duas doenças, quais medidas de manejo aplicar em cada caso e como o acompanhamento técnico especializado é fundamental para garantir a sanidade dos pomares e a sustentabilidade da produção cítrica.

 

A importância do diagnóstico correto em doenças dos citros


A citricultura é uma das atividades agrícolas mais importantes do país, responsável por gerar renda, empregos e matéria-prima para a indústria alimentícia. Contudo, o sucesso dessa cadeia produtiva depende diretamente do controle eficiente de doenças, que podem reduzir drasticamente a produtividade e comprometer o valor comercial dos frutos.

Entre as principais ameaças à cultura dos citros estão o cancro cítrico e a verrugose, duas doenças distintas, mas que apresentam sintomas visuais muito semelhantes, principalmente nas folhas e frutos jovens. A semelhança sintomática entre as duas doenças torna o diagnóstico preciso uma etapa essencial para o manejo adequado, já que cada patógeno exige estratégias de controle específicas, enquanto o cancro cítrico requer medidas de erradicação e controle bacteriano, a verrugose demanda ações fungicidas e práticas culturais que limitem a umidade e a disseminação dos esporos.

Uma diagnose incorreta pode levar ao uso inadequado de defensivos, aumentar custos de produção e até favorecer a disseminação do patógeno. Por isso, contar com o olhar técnico de um engenheiro agrônomo é fundamental para garantir um manejo fitossanitário preciso e eficiente.

 

Sintomas observados na lavoura


Ao observar sua lavoura, preste atenção nas lesões presentes nas folhas e frutos. Se elas forem irregulares, de coloração canela a cinza-escuro, com textura corticosa e saliente, e aparecerem apenas na parte superior das folhas, é um forte indício de verrugose. Na face oposta, costuma surgir uma pequena reentrância, como se fosse o reflexo da lesão.

Esse detalhe é essencial para diferenciar a verrugose do cancro cítrico. Enquanto a verrugose afeta somente um lado da folha, o cancro cítrico provoca lesões salientes em ambos os lados, geralmente acompanhadas de um halo amarelado ao redor. Essa observação simples já ajuda o produtor a direcionar o diagnóstico correto e tomar as medidas adequadas de manejo.

 

Diferenças entre cancro cítrico e verrugose


O cancro cítrico é uma doença de origem bacteriana, causada por Xanthomonas citri subsp. citri. Já a verrugose é provocada por fungos do gênero Elsinoë, principalmente E. fawcetti e E. australis.

No cancro cítrico, as lesões aparecem em ambas as faces das folhas, são salientes e apresentam halo amarelado, podendo também afetar ramos e frutos. Já na verrugose, as lesões são visíveis apenas na face superior da folha, onde se tornam salientes e corticosas, enquanto na face inferior há uma pequena reentrância correspondente. Nos frutos, as lesões são geralmente palha a cinza-escuro e com textura verrugosa.

Além disso, o modo de disseminação também difere: o cancro cítrico se espalha por chuvas, ventos e ferramentas contaminadas, enquanto a verrugose se propaga principalmente por respingos de água da chuva.

Essa distinção é essencial para definir o tipo de manejo, já que o cancro cítrico demanda medidas de controle bacteriano, e a verrugose requer tratamento antifúngico e ajustes ambientais.

 

Diagnóstico e confirmação da etiologia


A confirmação da verrugose em citros requer a aplicação de procedimentos técnicos que permitam diferenciar a doença de outras infecções com sintomas semelhantes. O teste de exsudação em gotas é o primeiro passo nesse processo: quando não ocorre a liberação de exsudato, descarta-se a hipótese de cancro cítrico, uma doença de origem bacteriana, reforçando a suspeita de etiologia fúngica. Em seguida, realiza-se a análise microscópica das amostras, na qual é possível observar as estruturas características do fungo Elsinoë spp., agente causal da verrugose.

 

Embora sejam métodos relativamente simples, esses procedimentos exigem conhecimento técnico, precisão na execução e uso de equipamentos laboratoriais adequados. Por isso, a correta identificação da doença depende do acompanhamento de profissionais capacitados, garantindo um diagnóstico confiável e a adoção das estratégias de manejo mais adequadas para proteger o pomar.

 

Medidas de manejo e prevenção


Após a confirmação do diagnóstico, o manejo deve concentrar-se na redução da fonte de inóculo e na melhoria das condições ambientais da lavoura. A poda dos ramos infectados e a destruição adequada dos restos vegetais são etapas fundamentais para eliminar o material contaminado e evitar a disseminação do patógeno. Além disso, é importante promover uma melhor ventilação da copa e evitar o excesso de sombreamento, criando um ambiente menos favorável ao desenvolvimento do fungo.

 

A aplicação de fungicidas preventivos à base de cobre, especialmente durante os períodos chuvosos, auxilia na proteção das plantas e na interrupção do ciclo da doença. O monitoramento constante da lavoura permite identificar novos focos de infecção de forma precoce, garantindo respostas rápidas e eficazes. Por fim, o uso de mudas sadias e certificadas é essencial para impedir a introdução do patógeno em novas áreas.

 

Com a adoção integrada dessas práticas, é possível alcançar um controle efetivo da doença, preservando a sanidade da cultura e reduzindo significativamente as perdas por verrugose.

 

A importância do manejo integrado e diagnóstico preciso na citricultura


A distinção correta entre verrugose e cancro cítrico é um fator determinante para o sucesso do manejo fitossanitário. Enquanto o cancro cítrico exige estratégias voltadas ao controle bacteriano, a verrugose demanda intervenções específicas contra fungos, associadas a práticas culturais que reduzam a umidade e o sombreamento na lavoura.

O manejo integrado deve combinar tratamentos preventivos com fungicidas cúpricos, poda de ramos infectados, uso de mudas sadias e monitoramento constante da área. Além disso, condições ambientais equilibradas como boa drenagem, espaçamento adequado e correção do pH são essenciais para diminuir a pressão do patógeno e evitar novas infecções.

Assim, o sucesso no controle da verrugose depende de decisões baseadas em diagnóstico técnico, observação de campo e medidas integradas. Esse conjunto de práticas garante maior eficiência no controle, redução de custos e sustentabilidade da produção citrícola.

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